O Matadouro Municipal, foi a peça dessa semana que tive que dirigir, inicialmente não me agradou e nem desagradou, porém, com o estudo e o aprofundamento da peça, me desagradou muito o texto. Mas como na experiência anterior eu optei por tirar grande parte do texto, nessa peça o texto foi levemente cortado, nem as rubricas foram extraídas.
Lendo toda a dramaturgia me veio muito como o ser humano em certos momentos de sua história ou em quase todo o momento, é influenciado por ideais maiores, como de um governo, de uma religião ou outros formadores de opinião. Me debruçando nesse ideal, transformei toda a movimentação dos atores em cena, em robôs, e o texto dito seria totalmente gravado, tendo assim a junção dos movimentos robotizados com a voz gravada e saindo de um lugar que não da boca dos atores.
O maior problema que sofri foi a parte técnica, pois os materiais que eu possuía não tinham uma qualidade boa, resultando numa gravação com chiados e pouco audível, porém, com a falta de tempo tive que optar por manter a gravação, mesmo que com má qualidade. Pensando na concepção de robôs, elaborei uma maquiagem que pudesse passar uma idéia de bonecos robotizados, usando uma máscara vertical nos três atores. Juntando-se a luz o resultado visual me agradou, mesmo achando a cena sem ritmo, tornando-a cansativa.
Separando esta parte para comentar dos atores que foram muito abertos a ideia, os três lidaram bem com o fato de eu estar bem inseguro com todos os empecilhos. Foram dispostos, e posso dizer que a execução muito me agradou.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
domingo, 20 de fevereiro de 2011
O filme.
E o menino que nunca sabe ao certo o que dizer, resolveu neste final de dia ir atrás do filme da sua vida ( pois sua vida nunca seria um filme inteiro por si só, no máximo, um clip sem sentido). Começou pelos lançamentos, capas brilhantes com pessoas nuas, capas em branco dizendo com negras palavras "Este é o título", mais outras capas, onde ele mesmo se perdeu e no final de cinco minutos contados já não se lembrava nem de onde eles estavam, quando começou sua busca, descobriu que sua vida não estava entre os lançamentos, pois o que menos existia em seu cotidiano eram explosões sem sentido, ou mulher saindo maquiadas depois de uma bela luta onde nem o cabelo se movimenta com a brutalidade de um chute. Passou para a sessão ao lado, a dos musicais, não viu muita diferença entre as capas de lançamentos, pois ainda essas mulheres estavam lá, quase nuas, ou nuas, com poses irresistivelmente irreais, perguntou ao funcionário mais próximo sobre um cantor de uma nacionalidade quase inexistente no mapa, o tal que deveria saber, apenas olhou com se o menino fosse quase inexistente quanto essa nacionalidade, e abanou a cabeça dizendo não conhecer.
Desistiu dos musicais.
Olhou para o lado e deparou-se com a sessão de desenhos animados, seus olhos brilharam como se sua vida estivesse ali, parou procurou ,o que ele não sabia, mas acabou indo parar nos filmes mais numerosos que ali tinham, desenhos com sentidos não tão só para crianças, gostou da ideia, mas acabou passando reto pois no final do corredor havia algo brilhando.
Andou, correu, parou, respirou, andou novamente, e viu na sua frente uma cortina, ela brilhava sob o reflexo das luzes brancas do local, passou a mão no brilho, e sentiu o poder daquilo tudo, todos o olhavam, sentiu-se parte da cortina...
Lá ele achou muitos filmes de sua vida!
sábado, 19 de fevereiro de 2011
1ª insegurança.
O processo de direção da "Peça Coração" de Heiner Müller me mostrou o quanto sou inseguro com minhas ideias. Pensando em casa na cena em que montaria, estudei a dramaturgia e pensei em acrescentar mais texto, podendo levar a cena para outro foco que não o da peça dramatúrgica, acabei encaixando a peça em partes da carta 77 do livro "Os sofrimentos do jovem Werther" do Goethe, conseguindo trazer um sentido diferente para a peça, porém, depois de me lembrar de um conto que tinha lido a pouco tempo, "A menina de lá" do Guimarães Rosa, pensei em fazer o mesmo com a "Peça Coração" englobando-a neste conto, porém depois de muito pensar, cheguei na conclusão de não acrescentar texto e sim eliminar texto, pois os atores teriam que ler em cena, o que não era minha proposta.
Partindo para outro foco lembrei-me de uma música chamada "Insensatez" da Nara Leão interpretada pela Fernanda Takai, foi neste momento que pensei em transformar minha cena em música, e essa, ser o centro de toda a ação, ouvindo-a percebi que a atmosfera que ela gerava não era a que eu queria, foi então que procurei por uma música que me trouxesse a atmosfera que eu imaginava para a cena, Noir Désir foi a banda que escolhi, e a música foi " Bouquet de Nerfs".
"Mas ele bate por você" essa frase final da peça foi a única que coloquei na cena, ela se resumia em música e ação. Com a ideia na cabeça, passei aos atores, e eles me mostraram como ficaria em prática, me deram outras sugestões, e com a marcação na música as ações iam mudando.
Bom, tudo isso que foi relatado foi "regado" de medo e insegurança, e a sensação de não ter mais o domínio da cena quando esta está em prática é muito ruim/bom pois ao mesmo tempo que não tenho o domínio da cena, o que pensei estava lá em prática e sendo mostrada para o público.
Assinar:
Comentários (Atom)