sábado, 19 de fevereiro de 2011

1ª insegurança.

O processo de direção da "Peça Coração" de Heiner Müller me mostrou o quanto sou inseguro com minhas ideias. Pensando em casa na cena em que montaria, estudei a dramaturgia e pensei em acrescentar mais texto, podendo levar a cena para outro foco que não o da peça dramatúrgica, acabei encaixando a peça em partes da carta 77 do livro "Os sofrimentos do jovem Werther" do Goethe, conseguindo trazer um sentido diferente para a peça, porém, depois de me lembrar de um conto que tinha lido a pouco tempo, "A menina de lá" do Guimarães Rosa, pensei em fazer o mesmo com a "Peça Coração" englobando-a neste conto, porém depois de muito pensar, cheguei na conclusão de não acrescentar texto e sim eliminar texto, pois os atores teriam que ler em cena, o que não era minha proposta. 
Partindo para outro foco lembrei-me de uma música chamada "Insensatez" da Nara Leão interpretada pela Fernanda Takai, foi neste momento que pensei em transformar minha cena em música, e essa, ser o centro de toda a ação, ouvindo-a percebi que a atmosfera que ela gerava não era a que eu queria, foi então que procurei por uma música que me trouxesse a atmosfera que eu imaginava para a cena, Noir Désir foi a banda que escolhi, e a música foi " Bouquet de Nerfs".
"Mas ele bate por você" essa frase final da peça foi a única que coloquei na cena, ela se resumia em música e ação. Com a ideia na cabeça, passei aos atores, e eles me mostraram como ficaria em prática, me deram outras sugestões, e com a marcação na música as ações iam mudando.
Bom, tudo isso que foi relatado foi "regado" de medo e insegurança, e a sensação de não ter mais o domínio da cena quando esta está em prática é muito ruim/bom pois ao mesmo tempo que não tenho o domínio da cena, o que pensei estava lá em prática e sendo mostrada para o público.


Nenhum comentário:

Postar um comentário